31 outubro 2010

Livro: As Bicicletas em Setembro

Só a memória nos pode salvar da perda e da solidão e devolver-nos o sonho

O Livro
Num bairro lisboeta inventa-se a felicidade em jogos de cartas numa obscura taberna, descobre-se a medo a iniciação sexual, vivem-se os pequenos dramas de um quotidiano triste, expõe-se a perversidade das relações humanas, sonha-se além das imagens que as nuvens vão construindo. Em jeito de homenagem, também, ao poeta Eduardo Guerra Carneiro, há ainda neste livro espaço para os sentimentos, para a partilha, para os afectos. E para a perda e para a solidão, porque ambas se confundem com a própria natureza humana.

Metáfora de um tempo que já não existe ou dos sentimentos que vamos, a cada geração, renovando, As Bicicletas em Setembro é uma obra povoada de imagens e lirismo intensos que confirma, uma vez mais, a importância de Baptista-Bastos na Literatura Portuguesa Contemporânea.

Excerto
«Aos sábados e aos domingos, longas e longas horas sozinha. Andava pela casa, de um para o outro lado, arrumando o que estava arrumado, limpando o que estava limpo. Nesses taciturnos furores, bebia copos de vinho tinto, ficava toldada e deitava-se a dormir: ressonava e a vizinhança escutava e comentava. Animava-se mais quando havia enterros. Se fosse mais do que um, então, preenchia com curiosidade a sua tenebrosa inquietação. Não saía da janela que dava para o largo, e benzia-se à passagem das carretas. Os acompanhantes observavam aquela mulher tão volumosa, cuja cabeça rapace e ásperas feições exprimiam beligerância.»

Editora: Oficina do Livo
Pvp: 13,90€

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