Com O Assassino Cego, eleito recentemente um dos livros da década pelo The Telegraph, a consagrada escritora canadiana Margaret Atwood, regularmente apontada como forte candidata ao Prémio Nobel da Literatura, reafirma a originalidade da sua escrita e a enorme capacidade para dissecar as intrincadas relações humanas.
Qual boneca russa, a obra que agora se publica apresenta uma complexa estrutura narrativa em que se interligam as recordações de Iris Chase - uma anciã que conta a história da sua família ao longo do século XX, detendo-se em especial na relação desta com a sua irmã Laura (já morta) - com episódios escritos em registos tão distintos como romance ou a ficção científica.
«Todas as histórias se complementam, inclusivamente os recortes de imprensa e as passagens de ficção científica que se encontram no livro. É como uma collage em que cada tipo de representação é um desafio para as outras ainda que, no final, se obtenha uma imagem única. Há distintos níveis que se vão sobrepondo até descobrir a verdade. No romance reconstrói-se uma saga familiar ao longo do século, mas há também uma utopia negativa, uma distopia, que foi a forma utilizada no passado por alguns escritores para criticar a sociedade actual», revelou a autora em entrevista ao El País.
No livro, chegada ao fim da vida, Iris Griffen começa a escrever a história secreta da sua família, evocando um mundo de prosperidade e miséria que se estende pelo período que separa as duas guerras mundiais. Mas o enigma central da história de Iris é a morte de Laura Chase, a sua irmã, também ela uma contadora de histórias. O único livro de Laura, um best-seller intitulado O Assassino Cego, narra o amor clandestino entre uma jovem de sociedade e um radical a monte. Mas como terá morrido Laura? Acidente ou suicídio? Quem é esse anarquista que habita as páginas de O Assassino Cego? E qual é a relação entre a história de ficção científica, que ele conta à amante em troca de sexo, e a realidade?
O Assassino Cego é na verdade dois livros (pelo menos) e um labirinto de histórias que recorrem a uma multiplicidade de géneros literários, do romance à ficção científica, passando pelo jornalismo. Todos juntos, estes retalhos de narrativas vão dando contornos a uma história única: uma saga familiar que é também a História do mundo ocidental entre as duas Grandes Guerras e uma das histórias de amor mais complexas e inesquecíveis da literatura.
Um livro editado pela Bertrand já á venda.
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