29 novembro 2009

Exposição: Absence


Uma voz que fala sobre um filme: é esta a essência do belíssimo texto de Marguerite Duras, L’Homme Atlantique, que está no coração deste trabalho de Conceição Abreu. A voz dá instruções a um invisível actor: diz-lhe que passe em frente da câmara, que se esqueça de si, que se esqueça do acto de fazer um filme. Que se anule, em suma, que se torne uma ausência. A ausência de si.



Simultaneamente, a artista, no ecrã, deslaça um novelo de fios. Usa um vestido que exibe uma fotografia de uma árvore nua, uma árvore invernal. Sem folhas, despida, a árvore do vestido contradiz o propósito de cobrir, esconder, confortar, estruturar, aperfeiçoar o corpo que qualquer vestido sempre possuiu. A teia desfaz-se nas mãos de Conceição Abreu, sem nunca se destruir completamente, e reforça-se nos desenhos bordados que concluem a selecção de peças de Absence. Um desenho é, antes de tudo o mais, uma linha. E a linha tanto pode incrustar-se na superfície do papel como ser desdobrada, de meada desmanchada ou de novelo feito, nas mãos da artista.
 
Conceição Abreu

Absence
Sala do Veado, Lisboa
Museu Nacional de História Natural
Rua da Escola Politécnica, 56/58
1250-102 Lisboa
Tel. 21 392 18 79
7 a 31 Janeiro 2010


Horário:
Terça a Sexta, das 10h às 17h
Sábado e Domingo, das 11h às 18h

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