A ópera Cavalleria Rusticana de Pietro Mascagni (1863-1945) inaugura, no dia 3 de Novembro às 20h00, o novo projecto do Teatro Nacional de São Carlos intitulado “Contar uma Ópera”.
Dirigida por Martin André e com a participação da actriz Beatriz Batarda, a ópera Cavalleria Rusticana será interpretada, em versão de concerto, pela Orquestra Sinfónica Portuguesa e pelo Coro do Teatro Nacional de São Carlos.
Beatriz Batarda é a convidada eleita pelo São Carlos para ajudar o público a compreender e a contextualizar a ópera em causa através de um enquadramento histórico, dramaturgico, narrativo e musical ao longo da récita. Este novo projecto do Teatro Nacional de São Carlos caracteriza-se também pelo preço especial dos bilhetes – entre 5 e 15 euros – enquadrando-se no objectivo de tornar a ópera acessível a diversos públicos e idades.
Cavalleria Rusticana, um melodramma em um acto cuja estreia absoluta foi no Teatro Constanzi, em Roma em 1890, retrata a vida numa aldeia da Sicília onde o amor, a traição e a honra são os ingredientes de uma tragédia anunciada. O libreto é de Giovanni Targione-Tozzetti e Guido Menasci segundo a peça de Giovanni Verga.
No palco do São Carlos apresentar-se-ão, entre outros, Sónia Alcobaça, Maria Luisa de Freitas, Laryssa Savchenko, Fernando del Valle e Luís Rodrigues.
CAVALLERIA RUSTICANA, por Pedro Russo Moreira
A ideia de criar uma ópera sobre a peça Cavalleria Rusticana de Giovanni Verga, surgiu em 1888 quando Pietro Mascagni tomou conhecimento da 2.ª edição do concurso patrocinado pelo editor Edoardo Sonzogno. O libreto, concluído em 1888, resultou de um convite ao seu amigo Giovanni Targioni, tendo este por sua vez convidado Guido Menasci.
O compositor terminou o Melodramma em um acto no mês de Maio de 1889, enviando-o a Puccini que, por sua vez, o deu a conhecer a Giulio Ricordi que não revelou entusiasmo pelo trabalho.
Cavalleria Rusticana foi uma das obras premiadas no concurso, valendo-lhe a estreia em 1889 sob a direcção de Leopoldo Mugnone, um dos mais reputados maestros ligado aos géneros operáticos. A ópera revelou-se um grande êxito, sendo colocada em cena nos principais teatros de ópera do mundo e resultando num considerável lucro para Sonzogno.
A acção tem lugar na Sicília, durante a Páscoa, e assenta num enredo amoroso com final trágico. Santuzza carregava no ventre um filho de Turiddu. No entanto, ele abandonara-a voltando para o seu antigo amor, Lola, casada com Alfio. Os dois amantes assumiram o seu caso publicamente, desencadeando um duelo por desafio de Alfio a Turiddu. A luta tem lugar fora de cena, sendo a morte de Turiddu anunciada pelo choro e gritos das mulheres no final da ópera.
Mascagni criou assim uma ópera dominada pela estética verista, apresentando elementos sonoros e motivos recorrentes que evocavam o ambiente siciliano, assim como outros associados às personagens, dominados pelos sentimentos de ciúme e traição. O equilíbrio da obra surge da conjugação de uma orquestração e harmonia convencional, aliado a uma inventividade melódica que expressa o domínio criativo do compositor.
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