10 março 2011

Cultura: Projecto Educativo de Catarina Requeijo no Maria Matos

Depois de Rubro, é retomada a trilogia da cor, com uma viagem ao interior do Amarelo. Como podemos chegar a conhecer esta cor tão versátil e intrigante? É o convite feito neste espectáculo: tentar perceber como é a cor amarelo, a que sabe, que forma tem e que histórias nos pode contar.
Em Outubro de 2009, ao assistir ao espectáculo Rubro, de Marta Bernardes e Ignácio Martinez de Salazar, uma criança manifestou à actriz a sua preferência pelo amarelo. Na sequência disso, surgiu o convite por parte da Susana Menezes, programadora do Projecto Educativo do Teatro Maria Matos, para eu construir um espectáculo a partir dessa cor.
No início, duvidei da possibilidade de agarrar o amarelo, do medo que tinha de ele se escapar entre os dedos, como a areia. Era verdade, é uma cor caprichosa que não se deixa facilmente aprisionar. Mas depois é pegajosa como o mel e não conseguimos livrar-nos dela. Descobrimos algumas características do Amarelo, não todas com certeza. A mais vincada, contudo, é a sua teimosia. Tentámos introduzir outras cores no espectáculo, mas o Amarelo não deixou. Tentámos misturá-lo com outras cores, mas foi impossível. Quisemos tirá-lo da sua casa, provocá-lo, torná-l o infeliz, mas não conseguimos nada. O amarelo só gosta do amarelo e é muitíssimo feliz assim. Não vale a pena tentar comandar: o amarelo é de tal modo caprichoso que nem sequer me deixou abrir a boca. A ideia inicial de explorar esta cor através dos sentidos foi desaparecendo aos poucos, dando lugar ao jogo do faz-de-conta, do teatro, de um universo clownesco, que está muito próximo da forma descomprometida como as crianças olham para o mundo. O registo cómico ou mais humorístico do espectáculo surgiu sem determinação prévia. Foi mais uma partida do amarelo. Decidi aceitá-la, porque acredito que o sentido de humor é um óptimo alimento para a inteligência e que o raciocínio absurdo é pouco explorado com as crianças. O que temos para lhes mostrar é um pedaço de mundo, uma ilha, que reflecte o que aconteceria se todos gostassem só do amarelo. O espectáculo será apenas um primeiro passo na descoberta desta cor. Construí um conjunto de propostas que podem ser continuadas pelos pais e professores, em casa e na escola, como por exemplo a construção de um álbum de recordações amarelas, a medição de todo o amarelo da escola, ou a introdução do amarelo em imagens felizes a preto e branco. Deixem-se, como nós, guiar pelo amarelo.

Informações:
sexta 18 a domingo 27 Março (excepto quinta 24 e sexta 25)
semana 10h00 sábado 16h00 domingo 11h00
Sala de ensaios
Criança 2,50€ / Adulto 5€ | Duração aprox. 35 min.

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