A iniciativa "Uma Jangada de Pedra a caminho do Haiti", lançada em Janeiro de 2010 pela Leya, a Editorial Caminho e a Fundação José Saramago, em parceria com a Cruz Vermelha Portuguesa, a favor das vítimas do sismo que há precisamente um ano atingiu o Haiti, permitiu angariar mais de cinquenta mil euros, já entregues àquela organização internacional para apoiar o esforço junto do povo haitiano.
Desde o lançamento da campanha até à sua conclusão foram vendidos 3519 exemplares do livro “Uma Jangada de Pedra a Caminho do Haiti”, edição especial da obra "Uma Jangada de Pedra", de José Saramago, criada para esta iniciativa - o que representa um valor de 50.286,51 €.
Foram muitas as entidades parceiras que desde a primeira hora aceitaram o desafio para colaborar nesta campanha, inédita em Portugal e operacionalizada em tempo recorde. A grande disponibilidade e abnegação demonstradas permitiram que hoje estejamos a celebrar este desfecho que se traduziu numa ajuda financeira concreta de todos os envolvidos a favor dos que ainda hoje sofrem os efeitos daquela tragédia.
Colaboraram na campanha as seguintes entidades: Agfa, Almedina, Auchan, Bertrand, Bulhosa, Coimbra Editora, Eigal, El Corte Inglés, Fnac, Gráfica 99, Ibero Fibra, Ideias com Peso, Inapa, JDC, Jerónimo Martins, Plásticos Pando, Press linha, Sonae, Staples, Torras Papel, entre muitas outras empresas e livrarias um pouco por todo o país.
Esta ajuda nunca teria existido sem a iniciativa do próprio José Saramago, que de imediato se associou à ideia. Apesar de já não se encontrar entre nós, recordamos as suas palavras que hoje, mais do que nunca, se dirigem a todos os que se associaram e aos que ajudaram a divulgar:
«As minhas palavras serão de agradecimento. A Fundação José Saramago teve uma ideia, louvável por definição, mas que poderia ter entrado na história como uma simples boa intenção, mais uma das muitas com que dizem estar calcetado o caminho para o inferno. Era a ideia editar um livro. Como se vê, nada de original, pelo menos em princípio, livros é o que não falta. A diferença estaria em que o produto da venda deste se destinaria a ajudar as vítimas sobreviventes do sismo do Haiti.
Quantificar tal ajuda, por exemplo, na renúncia do autor aos seus direitos e numa redução do lucro normal da editora, teria o grave inconveniente de converter em mero gesto simbólico o que deveria ser, tanto quanto fosse possível, proveitoso e substancial. Foi possível. Graças à imediata e generosa colaboração das entidades que participam na feitura e difusão de um livro, desde a fábrica de papel à tipografia, desde o distribuidor ao comércio livreiro, os 15 euros que o comprador gastará serão integralmente entregues à Cruz Vermelha para que os faça seguir ao seu destino. Se chegássemos a um milhão de exemplares (o sonho é livre) seriam 15 milhões de euros de ajuda.
Para a calamidade que caiu sobre o Haiti 15 milhões de euros não passam de uma gota de água, mas A Jangada de Pedra (foi este o livro escolhido) será também publicada em Espanha e no mundo hispânico da América Latina – quem sabe então o que poderá suceder? A todos os que nos acompanharam na concretização da ideia primeira, tornando-a mais rica e efectiva, a nossa gratidão, o nosso reconhecimento para sempre.» (José Saramago, Janeiro de 2010)".
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