Vai Dando Notícias conta a história divertida e emocionante de Frank, o apresentador do noticiário de uma televisão local.
Com uma personalidade desajeitada e pouco original, Frank é assombrado por desaparecimentos: a misteriosa morte do seu predecessor, provocada por um condutor que fugiu; a demolição da arquitetura pós-guerra do seu pai e a passagem incógnita dos que morrem sozinhos na cidade.
Frank esforça-se por entender estas ausências enquanto tem de transmitir intermináveis notícias locais sobre buracos que se abrem nos jardins das pessoas e tenta lidar com a sua mãe irredutivelmente infeliz.
O resultado é uma coisa rara: um romance cujas páginas se voltam incansavelmente, que faz as perguntas importantes de uma forma acessível, que nos faz rir em voz alta e que é genuinamente tocante e inevitavelmente animador.
Excerto (prólogo):
«Desistiu de fingir que estava a fazer jogging e caminhava, lentamente, ao longo da avenida, seguindo os movimentos de um pacote de batatas fritas vazio, que o vento empurrava sobre o alcatrão. Se não fosse o seu exemplo, talvez ele não tivesse a força de vontade para continuar. Os seus passos eram pesados e os punhos elásticos do fato de treino faziam-lhe doer os pulsos. Olhou para a pele flácida das costas da mão, apertada pelo poliéster vermelho-vivo e achou o contraste grotesco.
Mikey tinha voltado a decepcioná-lo. Por fim, compreendia que Mikey nunca o faria.
O céu tinha escurecido enquanto ele andava e agora as primeiras gotas de chuva, grossas, caíam no chão, à sua volta. Phil abanou a cabeça.
A última coisa que faltava era a chuva.
Ouviu um carro que se aproximava. A deslocação do ar, à sua passagem, afastaria o pacote de batatas e não sabia o que se seguiria depois disso. O condutor aproveitava ao máximo a recta da estrada rural e ganhava velocidade. Phil aproximou-se um pouco mais dos arbustos à sua esquerda. Sabia que estava numa triste figura, um homem velho e ensopado, vestido de Nike da cabeça aos pés. Um maldito Jimmy Savile.
O carro aproximou-se mais e, ao fazê-lo, guinou ligeiramente na direcção de Phil. Este sorriu com suavidade na sua direcção: uma questão de hábito. Quando se aproximou ainda mais compreendeu que o condutor não se ia desviar. Nos últimos segundos o reflexo do céu no pára-brisas desapareceu e Phil viu o rosto familiar atrás do volante, branco de medo e cheio de lágrimas.»
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Editora: Bertrand
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